segunda-feira, 17 de maio de 2010

Amor a Primeira Vista.


Jonas estava parado em frente ao cinema, olhando os cartazes e programação, num dos filmes após o título, havia a pergunta: Você acredita em amor a primeira vista?
-Eu não!
Jonas olhou para o lado e Itamar sorria e completava a frase- Que amor a primeira vista nada, bobagem.
Jonas e Itamar eram amigos há alguns anos, Itamar enfrentava uma separação recente, ele era um bom rapaz, mas fora pego fumando maconha atrás da escola e os pais dela ficaram sabendo e proibiram aquele namoro, mas ele insistia que o motivo eram outros, ele pobre e sem trabalho e ela ,...bom, a família dela não tinha do que reclamar.
Jonas, sabia o porquê daquela raiva diante de uma simples frase num cartaz de cinema, mas permaneceu em silêncio, não era hora de dizer que ele acreditava em amor a primeira vista, porque ele sabia que foi assim, que Itamar e Júlia começaram a namorar e se apaixonaram, ao primeiro olhar.
Os dois se olharam, riram e se dirigiram ao café.
Sentaram um de frente pro outro, café, cigarros, silêncio..., Jonas, observava Itamar quase que exigindo uma confissão do amor de Itamar por Júlia, Itamar olhava para o nada, em direção a rua, ele sabia, ele evitava aquele olhar inquisidor de Jonas.
Jonas percebeu uma mudança repentina nas expressões e no olhar de Itamar e olhou em direção a rua, Júlia atravessava a rua na faixa de segurança rindo e de mãos dadas com um cara.
Jonas sentiu uma puta vontade de rir, mas segurou vendo os olhos do amigo cheios dágua...
Logo o café foi substituído por whisky e confissões inconfessáveis a uma mulher, coisas que só os amigos são capazes de ouvir, mesmo sem entender nada e ainda dar palpites e conselhos.
A choradeira avançou noite adentro, foi longa, arrastada. Os dois saíram do bar eram quase 2 hs da madrugada e como bêbado e amigo tem um imã na direção do drama, o caminho não podia ser outro, a rua onde Júlia morava, de longe dava pra ver a luz que travessava a janela ainda acesa em seu quarto, janela que tantas vezes Itamar olhou a chuva abraçado em Júlia...
Do lado oposto a casa, a rua, havia uma pracinha,pequena, apenas alguns bancos e uma mini quadra de esportes, os dois sentaram num banco, Itamar olhando para a casa e Jonas para o ladro contrário...ele já não suportava mais ver o amigo se martirizando e chorando feito criança.
-Cansei, chega!, o som da voz de Itamar parecia vim do fundo de sua alma, era a voz de um homem cansado e desistindo de alimentar um amor que já não existia fora dele e nesse momento morria dentro dele também.
Ele se levantou e disse -Vamos sair daqui parceiro!, levantou-se e começou a caminhar, Jonas olhou para a casa, a luz havia se apagado e uma fina e fria garoa começava a cair, enfim a noite perfeita para o fim de um amor que mal havia nascido.
Quando Jonas olhou na direção de Itamar, mal se via a sombra de um homem cabisbaixo, sob as luzes, garoa, neblina, sumindo no fim da rua....

Att: Luka.San

''Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz, Mas já não há caminho pra voltar, e o quê que a vida fez da nossa vida, O quê que a gente não faz por amor''. Por Marisa Montes.

Um comentário:

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